Entre mães e filhos

Há algumas semanas convivemos com ela. E ela conosco!

Jovem, sempre agitada, atenta ao movimento do mundo do corredor depois da pequena porta de correr de seu quarto – pequena, pois quando eu e Batuca entramos ao mesmo tempo...

Ela fala com uma, fala com a outra, fala com a gente, e isso ao mesmo tempo. O que, pensando agora, não faz desse relato uma espécie de reclamação, pois seu sorriso e humor organizam o caos dessa comunicação engarrafada com as vizinhas, profissionais de saúde, palhaços e quem por ali passar. E seu olhar, esse sim, seu olhar de querer fazer parte daquilo tudo com tudo àquilo que lhe é de direito.

Sobre nós três, eu, ela e Batuca, esta é sua implicância. E não é pessoal, acredito, e sim pelo fato de já ter muitas mulheres naquele ambiente. Portanto seu cúmplice em nossos encontros sou eu, e Batuca, entendendo a regra estabelecida por Nós, é a burrraaaaaa.... O que faz tudo ficar mais divertido.

Pois bem! Quinta, véspera de sexta que vinha antes do sábado e do domingo de dias das mães, estava ela na porta pequena de correr do seu quarto quando passamos pelo mundo do seu corredor e ela já foi nos chamando aos berros, o que fez com que todos os olhares se voltassem para nós indagando se algo estava fora de ordem, olhares assustados quero dizer. Esclarecido o grito de felicidade e excitação, seguimos nosso trabalho com ela reclamando ainda aos berros: “Não deixa de passar aqui!”.

E seguiram-se os encontros daquele mundo retangular com portas pequenas!

Na volta! A porta pequena que nos esperava. Dentro dela, ela com seu filho no colo, os dois na cama.
Depois de uma mágica feita em parceria com ela para que Batuca acreditasse em meus poderes mágicos-medicinais:
“Agora canta pra mim aquela música que eu já sei quase toda!”
Seu olhar ficou atento a nossa preparação. Pandeiro da Batuca, minha maraquinha. Começamos:

“Tô nos braços de mamãe, pra ela me acarinhar
Apareça valentão para me tirar de lá
Nos braços dela eu vou morar”

E fomos repetindo, repetindo, e durante a repetição sua voz foi tomando o espaço sonoro, seu olhar foi ao encontro dos olhos do seu filho. Lentamente diminuímos o volume de nossa pequena orquestra e de nossas vozes, fomos nos afastando e aprendendo um pouco mais sobre o amor entre mães e filhos!

E confesso, sai de lá querendo o colo quente da minha mãe ouvindo sua voz cantando “Num berço de palha dormia Jesus, o meigo, o menino que veio da luz...”

Ao amor incondicional,
Provisório e Batuca.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

.