Para Dayanne

A gente sempre se via no corredor, nós tocando e brincando, ela desenhando, comentando, sorrindo. Depois passamos a vê-la na enfermaria em todas as nossas visitas. Sempre com sua mãe, a mesma cara e a mesma simpatia.
Dayanne com uma inteligência fantástica mostrava que podia ser escritora, desenhista, estilista, bailarina, o que pintasse...
E pintava pizzas, bolos e sanduíches que queríamos comer. Fazia roupas da moda pras bonecas que podíamos namorar ou conhecer. Pintava sempre colorido.
E tirava as histórias mirabolantes das quais eu acabava sempre fazendo parte. Eram novelas malucas na qual eu, Simplício ou Totó fazíamos mil artimanhas e  comíamos tudo o que tinha na festa, saíamos com a mulher do outro, íamos ao espaço.
E o pai do Simplício (coincidentemente pai da Dayanne também) foi nosso amigo mais recém apresentado. Tinha aquele rosto tímido e aberto de gente boa, de amigão, e entrou no nosso jogo assumindo a paternidade do meu amigo palhaço.
Minha lembrança de nosso último encontro foi vê-lo com olhos marejados e o sorriso próprio daquela família, sempre generoso, pedindo pra que a gente entrasse no CTI e cantasse uma música pra ela. Fomos.
Rayanne partiu numa madrugada, num final-de-semana, deve estar num mundo de cores e sabores como um daqueles que pintava. Quem sabe está até piscando pra nós, em algum lugar da galáxia, com aquele sorriso maroto.
Beijo,
Adamastor

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